terça-feira, 7 de junho de 2016

4 anos e meio

Eu aqui, tentando terminar as revisões no meu projeto de qualificação do mestrado, quando vou responder os comentários que ainda chegam nesse bloguinho. Nossa, como fico feliz sabendo que ainda tem gente que vem aqui, que procura, que divide sua experiência, suas angústias. Como fico feliz também em ver que outras pessoas, que também passam pelas mesmas ansiedades e angústias, também se disponibilizam a responder e partilhar. Isso faz valer o investimento de deixar esse blog no ar, mesmo sem atualizações frequentes.

E nessas de responder, parei pra pensar e me dei conta: já faz 4 anos e meio que eu parei. Que tri, né?

E olha, teve dias durante esse mestrado que eu achei que só conseguiria escrever se fumasse um cigarro, de tanto que a coisa tinha empacado. Claro, não é aquela vontade insuportável, só aquele pensamento que volta, mostrando que por mais que o tempo passe, a gente nunca vira um não-fumante, mas permanece na condição de ex-fumante. Eu sempre me coloquei como uma viciada em tratamento. Justamente por saber disso, que não dou nem "um traguinho", nem de brincadeira. Sei da minha condição de viciada. Sei da relação que eu tinha com o cigarro. Sei da quantidade que eu fumava por dia. Sei que isso não tem volta. E por uma opção minha, para o meu próprio bem. E é justamente por ter tido a clareza de tomar a decisão e ter conseguido me manter firme que me sinto bem, e de bem, e de boas.

Eu já gostava de chá, mas depois que parei de fumar, virou um novo (e ótimo) vício ;) 

E vocês, como estão hoje?

beijo,


segunda-feira, 6 de julho de 2015

É normal

Nos últimos dias, recebi muitos comentários aqui no blog, com relatos muito sinceros de várias pessoas que estão parando de fumar. Eu fico tri contente de poder receber todos vocês aqui e compartilhar nossos relatos. Eu poderia agora inventar fórmula mágica, ou fazer de conta que existe um milagre por trás de parar de fumar, ou que é algo simples. Não é. Mas não se preocupe, é normal que não seja.

A ansiedade: é normal. Pensa em quanto tempo o cigarro foi uma válvula de escape, é normal que a ansiedade aumente. Claro, sabendo que é normal, tendo consciência disso, acho que a gente pode tentar alguns mecanismos pra tentar aliviar, tornar mesmo tortuoso. Adotar os chicletes, roer legumes cortados em forma de palito ou simplesmente parar para respirar profundamente, com longas inspirações e expirações, pode ajudar. Eu sempre acho que a consciência do problema tem que ser uma arma a nosso favor, é onde vemos que somos capazes da mudança. Tornar essa ansiedade consciente simplesmente pra nos conformarmos com ela não me serve. Não que eu tenha deixado de ser ansiosa nesses anos (gente, já faz anos que eu parei! que lindo), mas essa ansiedade da parada de fumar, que parece que vai corroendo a gente por dentro, não tenho mais.

A dúvida também é normal. Só não deixem que ela se sobreponha à vontade de se ver livre do cigarro. Olha, eu vivo tri bem sem cigarro e, ainda assim, tenho uns sonhos tão realistas de que estou fumando que fico em dúvida se aquilo aconteceu mesmo ou não. A cabeça da gente prega peças o tempo inteiro, então é preciso estar alerta e forte, como diz aquela música.

O que eu não tenho dúvida é que todo mundo é capaz. E não precisa ter vergonha ou se achar menos merecedor por pedir ajuda: toda a ajuda a bem-vinda e necessária. Não é uma tarefa fácil, por isso não tenha vergonha de recorrer a médicos, grupos de apoio, ou mesmo compartilhar sua história aqui. Se tem uma coisa que anda em falta no mundo, e que eu sempre acreditei, é no poder da empatia, de se colocar no lugar do outro, ser capaz de se sensibilizar. E é isso que esse blog é: um espaço de pessoas empáticas, que se sensibilizam e não julgam uns aos outros pelo modo pelo qual estão tentando parar de fumar, mas que se apoiam mutuamente.

Grande semana para vocês!


sexta-feira, 13 de junho de 2014

O Futuro do Cigarro

Olá, pessoal!
Hoje temos a ótima contribuição do Paulo Augusto Sebin, em uma matéria que aborda desde o apelo das propagandas de cigarro até o início dos anos 2000, até dicas sobre como parar com esse vício maledeto.

Confere aí:


Houve um tempo que fumar era mais do que o ato de inalar fumaça. Na verdade, era até charmoso. Os homens se sentiam mais homens, diferentes. Pura ilusão. Pobres pessoas que foram convencidas pelas propagandas e marketing de décadas passadas que fumar era o que estava na moda.

Eu ainda lembro-me das propagandas televisivas lá na década de 1990, onde eram exibidos homens elegantes ou estilo cowboy, sempre com bons carros e acompanhados por lindas mulheres vivendo aventuras. Qual criança ou adolescente não imaginou, ao menos uma vez, fumando um cigarro para ser aceito na sociedade?


Desde 2000, pela lei Antifumo, essas propagandas são mais restritas no Brasil. Rádio e TV são proibidas de vincular propagandas sobre o cigarro. Só é permitido com cartazes em ambientes fechados, como bares, por exemplo. De acordo com a Agência Brasil, desde a regulamentação dessa lei, um a cada três brasileiros já conseguiram parar de fumar. E há ainda quem diga que o marketing não influencia nas decisões das pessoas.


Com essas informações significa que o cigarro está com seus dias contados? Absolutamente, não. Depois de tantas restrições de propaganda, as fabricantes conseguiram lançar produtos mais atrativos justamente para os jovens. Hoje é possível encontrar cigarros com sabor, colocando um composto químico que libera um sabor característico, como morango, maçã, uva, hortelã, entre outros. Já presenciei muitos amigos entrando no mundo do cigarro por conta disso.


Um caminho sem volta?

Não importa quantos dias, meses ou anos uma pessoa tenha o costume de fumar. A partir do momento que o organismo se torna dependente da nicotina, sendo essa apenas uma das centenas de substâncias perigosas, parar de fumar se torna um sofrimento.


Baseado em um artigo sobre como parar de fumar, muitas pessoas se perguntam ainda por que é tão difícil largar o cigarro. A razão é simples.


Em cada inalada de fumaça, as moléculas da nicotina entram pelas vias aéreas, chegam até os alvéolos, que são pequenas bolsas não visíveis ao olho nu, responsáveis por enviar as substâncias para a corrente sanguínea. Sua missão é enviar, claro, gás oxigênio e remover os gases de carbono.


A partir do momento que a nicotina entra na corrente sanguínea, em poucos segundos chega ao cérebro. Lá, a substância se aloja nas células (neurônios) centrais, que são justamente responsáveis pelo prazer no ser humano.


A nicotina permanece no organismo por aproximadamente duas horas. Por isso, em muitos casos, não demora muito para que haja uma vontade e necessidade de fumar novamente, pois é o cérebro que está muito dependente.


Mas se pretende parar de fumar, como prosseguir?
De acordo com o médico Drauzio Varella, famoso pelos seus quadros no programa Fantástico, da Rede Globo, há algumas metodologias importantes que podem auxiliar nesse processo.


- Força de vontade: o primeiro e mais importante passo. O dependente da nicotina precisa ter a ampla consciência de que chegou a hora de parar. Infelizmente esse desejo de parar de fumar acontece somente após algum problema de saúde.
- Alimentação: quando uma pessoa tenta parar de fumar um dos sintomas é a ansiedade. Com isso, a pessoa fica mais nervosa e inquieta, além de querer comer a todo instante. Consumir regularmente cenoura e maçã, por exemplo, são alimentos que auxiliam na ansiedade. Coma em pequenas porções, várias vezes ao dia.
- Atividade física: queimar calorias, soar e estimular a produção de adrenalina são eficazes na desintoxicação do organismo. Por isso, se pretende parar de fumar, é hora de sair do sedentarismo.
- Café e Erva Mate: essas bebidas são ricas em cafeína, outra substância viciante e que estimula a vontade de fumar. Evite o consumo. Não precisa necessariamente abandonar pelo resto da vida, mas enquanto estiver na luta de parar de fumar realmente é importante evitar.
- Medicamentos: há remédios e fitas que se aplica na pele. Esses medicamentos não fazem milagres. Claro que ajudam, mas muitas outras ações como as descritas acima são mais eficazes. Sempre consulte um médico antes de usar qualquer tipo de remédio que atuam no vício a nicotina.


E o futuro?
Claro que muitas pessoas desejam que o cigarro um dia se torne uma “peça de museu”. Mas ainda está longe disso. Apesar de muitas campanhas para evitar o consumo do cigarro, ainda há jovens que estão consumindo e se entregando a esse vício.
Paulo Augusto Sebin

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Dois anos e bolinhas

Esse blog me deixa muito feliz! Sempre que um novo comentário aparece, um email chega eu me encho de felicidade. Seja por receber os parabéns por me manter firme no propósito de nunca mais colocar um cigarro na boca, seja por ver novas pessoas se entregando a esse objetivo e dividindo isso comigo. Poder ajudar, nem que seja online, dando força para continuar já é gratificante. E a razão, claro, de continuar vindo aqui, mesmo que esporadicamente, contar como as coisas andam e evoluem.

Nesse meio tempo nosso bloguinho foi notícia no Paraná (clica aqui pra ler). Sempre me orgulho de falar desse espaço. Sem isso eu tenho certeza que não teria conseguido. Aqui sempre pude falar exatamente o que tava sentindo, sem medo, mesmo com todo o julgamento que as pessoas têm. E sempre tive um apoio lindo de volta, de amigos, conhecidos e pessoas queridas que chegaram aqui aleatoriamente.

Agora que completei o segundo ano, tudo parece fácil. É tipo parto: é sofrido, dolorido, horroroso, parece que não vai dar, dor e mais dor, mas depois de um tempo a gente nem tem mais a dimensão exata, ainda mais quando vê o filho (ok, roubei a metáfora alheia porque ainda não tenho filhos, mas parece bem assim). Hoje encho tanto meus pulmões de ar que nem lembro o quanto isso já foi custoso. Não sei mais o que é pigarrear. Tosse de manhã? Parece que foi há uma eternidade. E eram coisas que nem me incomodavam. Não era nem bem tosse, era tosse com pigarro, uma coisa nojenta lembrando agora. Saio com os meus amigos, tomo minha cervejinha periódica e não lembro mais de como era com a outra mão. Até as ressacas são melhores. Não acordo mais com aquela voz de alcione-pós-atropelamento, nem preciso tossir e cuspir, nem fico com aquela sensação ruim no peito depois de fumar mais de 20 cigarros numa sentada.

O que não quer dizer que o monstro não apareça pra assombrar. Esses dias sonhei que eu pedia um cigarro. Mas que era um só, que não fazia mal. Acordei dando risada. Não sinto vontade de fumar, mas ainda assim o troço criou um laço tão forte comigo que me caça nos sonhos. Eu ri. A plenos pulmões! Como quem diz: blé, teu tempo morreu!


quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Um ano e sete meses

Cês têm noção de quanto tempo é isso?? Um ano e sete meses depois de ter dado um basta na minha relação doentia com o cigarro, não tenho dúvidas em afirmar que minha vida está bem melhor. Olha só:
- minhas roupas tão sempre cheirosas,
- já sou capaz de correr 10 km,
- tenho muito mais disposição para as atividades físicas,
- coincidência ou não, minhas crises de enxaqueca se tornaram tão esporádicas que não consigo nem lembrar quando tive a última,
- nunca mais precisei ficar na chuva passando frio pra fumar,
- nunca mais catei moedas pela casa de madrugada porque não tinha mais cigarro,
- nunca mais precisei fumar as baganas porque não achei moedas suficientes de madrugada,
- consigo fechar as janelas de casa quando está frio,
- durmo muito melhor,
- tem gente que nem me imagina mais fumando (nem eu).

Sério, melhor decisão que tomei na vida.



terça-feira, 30 de abril de 2013

O dia em que me dei conta

Hoje tava aqui lendo o relato da Cátia, que tá pensando pelo inferno dos primeiros dias sem fumar. É o inferno mesmo, nenhuma outra figura define melhor os dias intermináveis, a ansiedade, a angústia, a dor. É tudo feio, é tudo chato, é tudo à flor da pele. Dá vontade de chorar, dá vontade de brigar, dá vontade de socar e sair correndo. E acender um cigarro. E lembrar que parou de fumar e que não pode mais fazer isso, então o ciclo de angústia começa todo de novo. Eu sei. Eu senti.

E não é porque eu consegui manter minha decisão (aí já se passaram um ano, três meses e oito dias) que eu assumi a postura de algoz, de sermãozinho e outras babaquices à-moda-chato-varella. Não. Nessa hora tudo o que eu posso fazer é estender a mão, dizer que entendo e que pode, sim, desabafar. Porque dá vontade de falar, dá vontade de gritar, dá vontade de xingar. E parece que vai dar tudo errado. E é nessa hora que eu entro de novo pra dizer que melhora, que as coisas vão dar certo. Leva um tempo, mas melhora.

E aí que pensando nisso lembrei de uma coisa boba que aconteceu. Durante o dolorido processo que foi parar, alguns detalhes fazem com que a gente se dê conta de que as coisas tão dando certo. Quando eu comecei a fumar, lá em priscas eras, me dei conta de que eu era fumante porque criei uma mancha entre o indicador e o dedo médio da mão direita, bem em cima de um calinho, que nunca saía. Aos poucos tive que parar de pintar as unhas de cores claras porque bem naquelas unhas ficava meio amarelado, feio. É até meio nojento falar, mas ali tinha sempre um cheirinho de cigarro, por mais que eu lavasse as mãos.

Vi que a minha decisão de parar era séria quando me dei conta de que aquela mancha não existia mais. Foi quase como perder um ente querido mais uma vez. Aquela mancha tava ali há tanto tempo que parecia até de nascença. Mas não era. De repente me dei conta de que não era. Era a mancha do meu vício, daquilo que me fazia acreditar que era companhia, que me acalmava, me ajudava.

Ainda lembro da primeira vez que olhei meus dedos e a mancha não tava mais ali. Depois do susto, depois da ficha cair, fiquei feliz. Era mais um sinal de que o caminho tava certo. Mais um sinal de que eu tava conseguindo. E estou conseguindo. Do mesmo jeito que a Cátia vai conseguir ;)

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Eu parei. E agora eu sei.

Um ano. Um ano desde que eu, desesperada, comecei a descarregar nesse blog tudo o que eu sentia por ter parado de fumar. Parar doeu. Parar me deixou completamente desnorteada, desorientada. Parar me deixou desconfortável comigo mesma.

Hoje eu sei o que fazer com os dedos, como conversar e aquela dor no peito nunca mais apareceu. Não tenho mais tontura, dor nas juntas, vontade de chorar ou de matar por causa disso.

Eu não preciso mais fumar quando eu acordo. Não sinto vontade de dois cigarros depois das refeições e não acho mais que com ele eu "respirava" melhor.

Eu não durmo mais mal por causa disso. Não tive falta de ar. Não acho mais que seja uma presença silenciosa, pois não faz falta. Não preciso mais sair no meio da noite pq o cigarro acabou e não me irrito se estou indo a algum lugar que vá me fazer ficar mais de uma hora sem fumar.

Me sinto livre. E feliz.