quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Um ano e sete meses

Cês têm noção de quanto tempo é isso?? Um ano e sete meses depois de ter dado um basta na minha relação doentia com o cigarro, não tenho dúvidas em afirmar que minha vida está bem melhor. Olha só:
- minhas roupas tão sempre cheirosas,
- já sou capaz de correr 10 km,
- tenho muito mais disposição para as atividades físicas,
- coincidência ou não, minhas crises de enxaqueca se tornaram tão esporádicas que não consigo nem lembrar quando tive a última,
- nunca mais precisei ficar na chuva passando frio pra fumar,
- nunca mais catei moedas pela casa de madrugada porque não tinha mais cigarro,
- nunca mais precisei fumar as baganas porque não achei moedas suficientes de madrugada,
- consigo fechar as janelas de casa quando está frio,
- durmo muito melhor,
- tem gente que nem me imagina mais fumando (nem eu).

Sério, melhor decisão que tomei na vida.



terça-feira, 30 de abril de 2013

O dia em que me dei conta

Hoje tava aqui lendo o relato da Cátia, que tá pensando pelo inferno dos primeiros dias sem fumar. É o inferno mesmo, nenhuma outra figura define melhor os dias intermináveis, a ansiedade, a angústia, a dor. É tudo feio, é tudo chato, é tudo à flor da pele. Dá vontade de chorar, dá vontade de brigar, dá vontade de socar e sair correndo. E acender um cigarro. E lembrar que parou de fumar e que não pode mais fazer isso, então o ciclo de angústia começa todo de novo. Eu sei. Eu senti.

E não é porque eu consegui manter minha decisão (aí já se passaram um ano, três meses e oito dias) que eu assumi a postura de algoz, de sermãozinho e outras babaquices à-moda-chato-varella. Não. Nessa hora tudo o que eu posso fazer é estender a mão, dizer que entendo e que pode, sim, desabafar. Porque dá vontade de falar, dá vontade de gritar, dá vontade de xingar. E parece que vai dar tudo errado. E é nessa hora que eu entro de novo pra dizer que melhora, que as coisas vão dar certo. Leva um tempo, mas melhora.

E aí que pensando nisso lembrei de uma coisa boba que aconteceu. Durante o dolorido processo que foi parar, alguns detalhes fazem com que a gente se dê conta de que as coisas tão dando certo. Quando eu comecei a fumar, lá em priscas eras, me dei conta de que eu era fumante porque criei uma mancha entre o indicador e o dedo médio da mão direita, bem em cima de um calinho, que nunca saía. Aos poucos tive que parar de pintar as unhas de cores claras porque bem naquelas unhas ficava meio amarelado, feio. É até meio nojento falar, mas ali tinha sempre um cheirinho de cigarro, por mais que eu lavasse as mãos.

Vi que a minha decisão de parar era séria quando me dei conta de que aquela mancha não existia mais. Foi quase como perder um ente querido mais uma vez. Aquela mancha tava ali há tanto tempo que parecia até de nascença. Mas não era. De repente me dei conta de que não era. Era a mancha do meu vício, daquilo que me fazia acreditar que era companhia, que me acalmava, me ajudava.

Ainda lembro da primeira vez que olhei meus dedos e a mancha não tava mais ali. Depois do susto, depois da ficha cair, fiquei feliz. Era mais um sinal de que o caminho tava certo. Mais um sinal de que eu tava conseguindo. E estou conseguindo. Do mesmo jeito que a Cátia vai conseguir ;)

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Eu parei. E agora eu sei.

Um ano. Um ano desde que eu, desesperada, comecei a descarregar nesse blog tudo o que eu sentia por ter parado de fumar. Parar doeu. Parar me deixou completamente desnorteada, desorientada. Parar me deixou desconfortável comigo mesma.

Hoje eu sei o que fazer com os dedos, como conversar e aquela dor no peito nunca mais apareceu. Não tenho mais tontura, dor nas juntas, vontade de chorar ou de matar por causa disso.

Eu não preciso mais fumar quando eu acordo. Não sinto vontade de dois cigarros depois das refeições e não acho mais que com ele eu "respirava" melhor.

Eu não durmo mais mal por causa disso. Não tive falta de ar. Não acho mais que seja uma presença silenciosa, pois não faz falta. Não preciso mais sair no meio da noite pq o cigarro acabou e não me irrito se estou indo a algum lugar que vá me fazer ficar mais de uma hora sem fumar.

Me sinto livre. E feliz.