sexta-feira, 13 de abril de 2012

Quando o passado recente parece muito distante

Não tem nem três meses que eu parei de fumar e já quase me sinto uma veterana no assunto. Relendo os primeiros posts, sinto tudo como se fizesse muito tempo que vivi toda aquela angústia. Conversando com quem parou recentemente de fumar e quem ainda pensa no assunto, tenho a impressão de estar em uma realidade paralela. Toscamente, parece aquele cara especialista em desvendar códigos matemáticos que vê o que os outros ainda não conseguem em um quadro cheio de números. Tudo isso porque este período não foi só de mudança extrema, foi de descobrimento.

Parece que, de repente, entendi como eu funciono. Entendi que o problema não é o cigarro, nem a comida. Entendi que o problema é a ansiedade. Não que eu não soubesse que essas três coisas estivessem associadas, mas de repente isso ficou claro, ficou lógico, ficou exato. Aos poucos, começo a ver de onde vem toda essa ansiedade e é isso que tenho tentado mudar também. Não sinto mais aquela vontade de fumar (e nem penso mais em botar um cigarro na boca) porque não encontro mais desculpas para isso. E é isso que me segura quando a vontade vem. O melhor é que ela vem cada vez mais raramente.

Claro que me dar conta das coisas não garante que eu consiga mudar imediatamente. O que tenho tentado é regular, equilibrar. Quem me conhece sabe que não sou um poço de calma e serenidade (não era antes, não sou agora). A única diferença é que eu escolhi conscientemente parar de fumar, por isto estou tranquila com esta decisão. Também não sou a pessoa mais disciplinada do mundo, mas tenho me esforçado para fazer as coisas acontecerem.



Isso é sempre importante lembrar: nunca é fácil mudar nada, porque com o cigarro seria diferente? Mesmo com medicação, seja durante ou depois, vai ter algum sofrimento, o que não significa que a gente tenha que desistir ou não se esforçar: ao contrário, temos que tentar ainda mais. Mas tentar de coração. Nem sempre a gente consegue, claro, mas antes de desistir ou "cair em tentação" é importante que a gente pare e se questione: - fiz tudo, tudo, tudo que eu podia? - esse é o meu limite?? Eu fiz essas mesmas perguntas para mim mesma várias vezes. Confesso que quando aqueles três minutos de crise de abstinência psicológica batem eu ainda me pergunto a mesma coisa.

Tentar mais faz com que nossos limites sejam ampliados. Isso fica bem claro no esporte. Comecei correndo um minuto e bem leve, hoje corro 20 min com alguns sprints. E, da mesma forma que no esporte, a sensação de conseguir se superar te deixa feliz, sempre mais feliz.

Fundamental também é querer tentar. Não é papinho de autoajuda barata: a gente tem que minimamente querer algo para conseguir. Desejo e esforço juntos são praticamente imbatíveis. Milagres só acontecem quando a gente também faz a nossa parte. É assim em toda a história de superação.

No início parece que fica tudo meio sem graça, a gente não sabe bem como se colocar no mundo, onde nos encaixamos, como é que faz para voltar a se divertir e ser feliz. É quase como aquela dor de cotovelo, levar aquela fora, que parece que a gente nunca mais vai voltar a sorrir de novo. Mas volta. Sempre volta. E a gente chega naquele ponto em que o passado recente parece uma memória distante, quase irreal.

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Aconteceu uma coisa legal que iluminou minha sexta. Inspirado por esse humilde bloguinho, um amigo leitor resolveu também vir pra internet tentar transformar sentimentos em palavras. Quer ler outro blog bem pessoal? Passa aqui no Desabafo do Divã.

O blog foi um importante aliado para Paula, quem sabe escrevendo, assim, sem os olhares críticos, sem os analistas de plantão, consiga desabafar mais. Pensar em voz alta e achar as melhores escolhas. Caminhar um pouco mais rápido nesse processo de autoconhecimento. 

Bem-vindo! Estamos todos prontos para estar contigo nesses momentos de desabafo.

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