terça-feira, 6 de março de 2012

Ah, os vícios

1 mês e 13 dias sem fumar e tá tudo sob controle. Mesmo. Não tou nem perto de ser uma ex-fumante: tenho muito caminho a trilhar como fumante em recuperação. O melhor de tudo é que não estou sofrendo. E é sobre isso que queria falar hoje.



Minha mãe, que também parou de fumar, comentou com a pneumologista dela que eu parei de fumar sem tomar absolutamente nada e o quanto ela me admirava por isso. Em vez de um elogio pela coragem, veio uma enxurrada de críticas, de que as pessoas não devem tomar este tipo de atitude sem acompanhamento médico e sem medicamentos. Confesso: fiquei indignada. Dois motivos.

O primeiro é que eu tenho a impressão de que os médicos se preocupam cada vez menos com a saúde da gente e mais em paliativos imediatos. Mesmo com toda essa onda "viva bem, seja saudável", eles insistem em tratar os sintomas do momento, não em uma reeducação que terá reflexo em toda a sua saúde. Não falo isso só por causa da pneumo: o cardiologista do meu namorado aparece com um remédio diferente por mês pra ele tomar, mas não encaminhou para um tratamento, não mandou fazer exercícios, diminuir a cerveja, modificar alimentação. O cara apenas recomenda um remédio diferente por mês para pressão e colesterol (isso que com o índice dele, maneirando um mês já volta ao normal). Sei que os remédios são invenções maravilhosas. Papai do céu sabe o quando eu já defendi o uso de alopatia, uma das maiores evolução nessa vidinha, principalmente quando médico me mandava tomar água quente pra curar uma puta amigdalite. Acho tri mesmo. Mas isso não justifica tomar tanto remédio sem necessidade. E aí entro no segundo ponto.

A médica não acredita que eu não esteja sofrendo. Gente, claro que sofro, cigarro faz falta. Mas não sofro mais do que sofria por não comer lasanha e maionese batida a mão todos os dias (ai que fome!). Tem gente que confunde tristeza e depressão. Bom, do mesmo jeito existem sofrimentos e sofrimentos. A gente não precisa de anti-depressivo para qualquer tranco que a vida dá. Não dá pra querer ser mais feliz o tempo inteiro à custa de comprimido. Tá doente? Toma. Precisa de um impulso porque senão não vai rolar parar de fumar? Toma. Acho justo, muito justo, justíssimo. Tem gente que tá tomando remédio + anti-depressivo + adesivo e sofre muitíssimo mais que eu. Da mesma forma que nenhum remédio garante a ausência de recaídas, outro dos argumentos dela para a necessidade de medicamentos.

Eu tou bem. Eu tou tranquila. Eu parei em um momento que tava autoconfiante. Eu acreditei que conseguiria. Conheço várias pessoas que querem parar e acham que não conseguem, mas são pessoas tão fortes, tão guerreiras, que eu tenho certeza que também conseguiriam, mas que não tão no mesmo momento de autoconfiança. Eu também não estava. Não tenho como garantir que nunca terei uma recaída. Não tenho mesmo, já que a gente muda o tempo inteiro. Mas garanto que não quero, que cheguei no ponto em que não me imagino mais com um cigarro na mão. Quero continuar com essa imagem na cabeça. Isso tem me feito muito bem.

Não acho, nem defendo, que todo mundo deve parar sem nada. De maneira nenhuma. Eu estou conseguindo. Outras pessoas conseguiram. Muitas outras, não. Nem todos estão no mesmo momento na vida. Mas defendo, sim, que as pessoas precisam, uma hora ou outra, com medicação ao não, tentar. Só tentando a gente consegue ter a chance de vencer.

Um dia de cada vez...

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