segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Tem vezes que melhora

Claro que não tenho outro assunto. Só consigo pensar nisso e converso sobre isso. Todo mundo que falei que parou de fumar disse: é assim nas duas primeiras semanas. Meudeus! Ainda tenho 12 dias pra passar por este martírio?? É, tenho.

Mas tem horas em que a coisa dá uma melhorada. Me senti muito mal pela manhã. Mesmo de óculos, não conseguia nem focar as palavras, muita tonteira e dores nas juntas das mãos. Depois do meio-dia a coisa melhorou. Almocei bem devagar e procurei limpar a cabeça. A gana foi substituída pelo desconforto de caminhar na rua com aquele calor. Pelamordedeus, o que é essa cidade de quente??? Depois fui pra massagem. Saí tão bem que a vontade era ficar lá o resto do dia. Impossível não amar.

Minha cabeça anda negociando com ela mesma apenas um cigarro. Desde ontem. Um lado afirma que um cigarro pra quem fuma 30, 35, tá mais que bom! Diz mais: um cigarro tem um quarto da nicotina que um chiclete de nicotina possui. Essa briga interna é o que mais tem me angustiado. Eu até acho que um pra 30 tá muito bom, mas sei que é o vício falando, que o bom mesmo é não fumar nada. Também sei que não existe um cigarro. O segundo sempre vem! Já penso nele fumando o primeiro.

Eu já pensava em parar de fumar antes. Estava amadurecendo a ideia há um tempo. Na real, me enrolando há um tempo. Ontem, no meio do choro e surto, me peguei a ler o resto da biografia do Eric Clapton. Ele passou por quatro desintoxicações: uma da heroína, duas de álcool e uma do cigarro. Uma das coisas que achei mais interessantes nisto tudo foi a recaída do álcool que ele teve, quando ele realmente acreditou que poderia ser forte o bastante para beber socialmente, como as outras pessoas. Em um determinado ponto ele conclui que passava o dia inteiro esperando pelo momento da dose de whisky. Ele não estava bebendo as quantidades absurdas que bebia antes, mas a vida estava girando em torno do álcool. Tenho certeza que se eu topasse o acordo comigo mesma de fumar um cigarro por dia, meu dia giraria em torno de esperar aquele momento. E me conhecendo do jeito que conheço, em breve seriam dois, três, quatro, cinco cigarros.

Não adianta, não sei fumar socialmente. Nunca vou fumar socialmente. Para mim o jeito é parar. Parar e pronto. Também tenho medo do acompanhamento médico. Tipo: vou lá e o doc recomenda um ansiolítico. Maravilha! Vou ficar calminha, achando tudo lindo... mas morro de medo de nunca mais conseguir ser uma pessoa mais serena sem um comprimido. Não sei se quero me desintoxicar, me intoxicando. Também não sei até que ponto quero me livrar de um comportamento compulsivo adotando outro. Seria tão bom se todos fossemos pessoas equilibradas sem nenhuma química atuando junto. Quero tentar isto. De verdade. Por isso tento.

Claro que posso vir a falhar. Claro que posso comprar o rivotril semana que vem e tudo isso ir descendo pelo ralo. Existe a possibilidade, mas reafirmo: quero tentar, mesmo que isto signifique sofrer mais.

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